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12.1.07
Mapa do Universo
Estamos sempre a evoluir a prova é dada no artigo abaixo
Cientistas fazem mapa detalhado da matéria invisível no Universo
Cremilde Santos, 08/01/2007, 16:17
Cientistas estão a trabalhar num “raio-x” do Universo através da construção de mapas da matéria invisível que não se vê e a que chamaram matéria escura. Os mapas mais pormenorizados foram revelados ontem, na edição online da revista Nature.
À semelhança do corpo humano o Universo tem um esqueleto que não está à vista e que é feito de uma matéria invisível. Enquanto que os ossos humanos podem estar expostos a qualquer radiografia, os telescópios mais poderosos não conseguem ver directamente os “ossos” do cosmos.
Apesar de a matéria escura não emitir nem reflectir a luz, os cientistas já não duvidam da sua existência. A sua existência está comprovada pelos efeitos gravitacionais que causa na matéria que vemos e que afecta a rotação das galáxias e distorce a luz que emitem.
A equipa de Richard Massey, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos, através do telescópio espacial Hubble, começou a medir a forma de 500 mil galáxias distantes. De seguida utilizaram a distorção na luz emitida por elas, causada quer pela matéria visível como pela invisível, para elaborar mapas da distribuição da matéria escura entre essas galáxias e a Terra, numa grande área do céu (o equivalente a oito vezes o tamanho ocupado pela Lua Cheia).
Segundo explicou Domingos Barbosa, do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, "se um fotão vem de uma dessas galáxias e atravessa essa rede de matéria escura, a sua trajectória é distorcida. Tem uma trajectória às ondinhas, ligeiramente irregular". Para o cosmólogo português em galáxias distantes, como as que foram observadas, é mais difícil detectar o efeito de distorções da luz pela matéria do que em exames de galáxias.
Os cientistas “conseguiram também reconstituir a distribuição da matéria escura em três dimensões entre nós e essas galáxias, no campo do céu que observaram. E é a primeira vez que se faz isso", comentou Domingos Barbosa.
O especialista explica que “descobriram que a matéria invisível está agrupada em enormes filamentos e em bolas, mais ou menos conectados com outras regiões com matéria escura e bariónica. A matéria escura funciona como um esqueleto gravitacional, para onde a matéria bariónica acaba por ser atraída", acrescentando que "é um esqueleto invisível, à volta do qual a matéria normal vai cair e formar essa carne de estrelas e galáxias".
O trabalho da equipa de Richard Massey permite compreender melhor como a matéria está ordenada pelo Universo, sublinhou o investigador português.
Por enquanto ainda ninguém sabe como é constituída a matéria escura, que deve ter surgido pouco depois do Big Bang, o fenómeno que criou, há 13.700 milhões de anos, o Universo que conhecemos. Os mapas apresentados agora por esta equipa mostram a distribuição da matéria até à altura em que o Universo tinha metade da idade actual. A escola de pensamento dominante defende que a matéria escura é exótica, logo totalmente diferente da matéria vulgar. "O mais plausível - diz também Domingos Barbosa - é que seja feita de uma partícula exótica".
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