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25.10.05
A primeira missão europeia a Vénus, o segundo planeta mais perto do Sol e o mais parecido com a Terra, parte para o espaço na próxima semana, anunciou esta quinta-feira a Agência Espacial Europeia (ESA).
Trata-se da sonda Vénus Express, que será lançada por um foguetão russo Soyuz do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, às 04:43 TMG (05:43 em Lisboa) da próxima quarta-feira.
O custo da missão é de 220 milhões de euros e a sua chegada a Vénus está prevista para Abril de 2006, segundo a ESA.
Portadora de sete instrumentos de observação, a sonda pesa 1.270 quilos e deverá orbitar durante 500 dias o "planeta irmão" da Terra, com o qual se assemelha em idade, tamanho, massa e composição.
Grande parte das diferenças entre os dois planetas reside no facto de Vénus se encontrar mais perto do Sol do que a Terra, do qual recebe por isso mais radiações e mais partículas.
O principal objectivo da missão é estudar a atmosfera de Vénus, muito densa e quente, constituída quase totalmente por dióxido de carbono (96 por cento), mas também por azoto, dióxido de enxofre e vapor de água - explicou Francis Rocard, responsável pela exploração do sistema solar no Centro Nacional de Estudos Espaciais, em França.
Vénus demora 243 dias a efectuar uma rotação sobre si próprio, no sentido inverso ao da Terra, e leva 225 a dar uma volta completa ao Sol, condições de rotação consideradas lentas e que contrastam com os ventos ciclónicos registados à sua superfície.
O planeta, coberto de nuvens, esconde ainda muitos enigmas, como a juventude dos elementos constitutivos do solo, assinalam os investigadores. Observações anteriores já permitiram observar crateras de vulcões, mas não foi possível determinar se estão ou não activos.
A missão Vénus Express "dará elementos de resposta" à interrogação dos cientistas sobre a eventual presença de oceanos à superfície do planeta nos seus inícios, explicou outro investigador envolvido no projecto, Jean-Loup Bertaux, do Centro Nacional de Investigação Científica de França.
O vapor de água que se encontra actualmente na atmosfera corresponderia, sob forma líquida, a uma camada de água de «30 centímetros de espessura em toda a superfície» do planeta, acrescentou.
Outra modelização baseada na abundância de deutério (água pesada) nessa atmosfera indica que poderia ter existido no passado uma camada de água de 45 metros de profundidade, referiu o cientista.
O estudo da atmosfera venusiana poderá ainda ajudar a compreender «a física do efeito de estufa, em particular das nuvens», o que contribuiria para aperfeiçoar os modelos terrestres.
Esta primeira missão europeia a Vénus ocorre após três dezenas de viagens àquele planeta por soviéticos e norte-americanos, a última das quais, há 15 anos, só pôde observar o planeta durante algumas horas.
Além da França, a missão conta com a participação de Itália, Bélgica, Alemanha, Áustria, Suécia e Estados Unidos.
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