20.1.06

Rumo a Plutão

A NASA está a ultimar o lançamento em Janeiro de uma nave espacial até Plutão, o planeta mais afastado do sistema solar e o único ainda não visitado por uma sonda, segundo fontes da missão. Se tudo correr como previsto, a New Horizons - do tamanho de um piano grande, com 454 quilogramas de peso e munida de sete instrumentos científicos - chegará perto de Plutão no princípio do Verão de 2015, após uma viagem de 6,4 mil milhões de quilómetros. A sonda sobrevoará depois durante seis meses o planeta mais pequeno do sistema solar e também o mais afastado Sol, em volta do qual demora 248 anos a descrever uma revolução. Poderá captar numerosas imagens de Plutão, que continua a ser um enigma 75 anos depois da sua descoberta, e recolher dados sobre a sua atmosfera e geologia. As únicas fotografias digitais tiradas a Plutão pelo telescópio espacial Hubble são pouco nítidas. A missão New Horizons, orçada em 650 milhões de dólares, procederá também à observações de Caronte, a principal lua de Plutão, e de dois outros satélites naturais recentemente descobertos pelo Hubble. A sonda seguirá depois rumo à Cintura de Kuiper, que atravessará recolhendo informações igualmente preciosas. Os astrónomos descobriram naquela cintura de asteróides que rodeia o sistema solar centenas de milhar de objectos celestes aparentemente semelhantes a Plutão. Estas descobertas abriram um acalorado debate na comunidade astronómica sobre a classificação de Plutão, com uma maioria crescente a aparentá-lo com um grande asteróide. Plutão é o mais pequeno que sete satélites naturais de planetas do sistema solar e o seu diâmetro é apenas dois terços do da Lua. Além deste debate, as características únicas de Plutão, meio planeta, meio asteróide, e dos milhões de detritos da Cintura de Kuiper resultantes da formação do sistema solar, fazem dele um laboratório celeste único. "Explorar Plutão e a Cintura de Kuiper equivale a fazer escavações arqueológicas na zona mais afastada do sistema solar, um local antigo onde se poderão encontrar vestígios da história da formação dos planetas", explicou Alan Stern, responsável científico da missão. Para a Academia das Ciências, a exploração de Plutão, dos seus satélites e da Cintura de Kuiper figuram entre as mais altas prioridades da conquista do espaço devido à sua "importância científica fundamental para fazer avançar a compreensão do sistema solar". A NASA conta lançar a New Horizons a partir de 17 de Janeiro na base militar de Cabo Canaveral (Florida), sendo esta a primeira tentativa de uma janela de lançamentos de 29 dias. Se for lançada nos onze primeiros dias, a sonda poderá chegar perto de Plutão no início do Verão de 2015. Fora deste período, o seu lançamento implicará um atraso de vários anos, segundo os cientistas. Na sua perspectiva, torna-se fundamental que seja lançada antes de 2010 porque depois dessa data Plutão ficará demasiado afastado do Sol e a sua atmosfera ficará gelada e transformada em neve. Para ganhar tempo, a NASA vai lançar a sonda num poderoso foguetão Atlas V-551 de dois andares, o que lhe imprimirá uma enorme velocidade, de cerca de 50.000 quilómetros por hora, e a tornará o engenho espacial mais rápido. No início de 2007 a nave passará perto de Júpiter, cuja força gravitacional o impelirá a mais de 75.000 quilómetro por hora em linha recta em direcção a Plutão. A New Horizons será alimentada por um gerador termo-eléctrico de plutónio de 200 watts.

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